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In pursuit!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Mito do Eterno Retorno - Ouroboros

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!“ Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?” (aforismo 56)




Salute. Im A'anlitha, mae govannem!

Em sindarin vos saudo por mais um artigo. Inspirada no prefácio de A insustentável Leveza do Ser de Millan Kundera, resolvi escrever algo sobre Uróboro e o Eterno Retorno tão comentado por Nietzsche.
     
"A doutrina do eterno retorno pode ser lida em dois sentidos fundamentais, considera João Duque, segundo uma dimensão antropológico – moral e uma dimensão cosmológico – ontológica. Vista do lado antropológico – moral, assiste-se ao jogo da vontade humana, que ao acolher o eterno retorno se torna capaz de afirmar a realidade tal como é, afirmando-se a si mesma. Será no fundo, a fase do leão, que detém a vontade de transmutar todos os valores, superando o homem e dando lugar ao super-homem. Do lado cosmológico – ontológico, está em jogo a constituição do ser e do tempo – ou do tempo de ser -, como considera João Duque, que permita o sim absoluto à realidade e não apenas a vontade do sim, ou mesmo o sim da vontade, o que seria demasiado humano. Esta dimensão seria representada pela metáfora da criança, que aceita o jogo do ser, inocentemente, no seu devir eterno sem nada querer, já que o querer se identifica com o que é. Raul Proença[1] considerará que aqui se encontra uma aporia insolúvel entre a liberdade e vontade humanas, próprias do homem criador, que assume o eterno retorno; e uma necessidade determinista, marcada pelo constante regresso do mesmo. Na Gaia Ciência diz Nietzsche que esta vida, tal como a vivemos atualmente, teremos de vivê-la inúmeras vezes mais, nela nada haverá de novo. A sabedoria acerca do mistério do tempo, é dada a Zaratustra apenas no momento em que este é capaz de compreender o eterno retorno como modo diferente de dizer e afirmar o carácter selectivo do ser; no momento da sua convalescença, que lhe permite compreender que o eterno-retorno, não é um ciclo fechado e nada tem a ver com a predominância do mesmo. A realidade seletiva do eterno retorno, apresenta-se numa dupla dimensão: como lei constitutiva da autonomia da vontade, que se quer ver livre da moral - tudo aquilo que se quer deve ser querido de maneira a que esse mesmo querer se queira também o seu eterno retorno -. Ao considerar-se a seletividade, pressupõe-se que retorna apenas, o que puder ser afirmado; tudo aquilo que é negativo, tudo o que deve ser negado, é expulso pelo movimento do eterno retorno. Este movimento de características centrifugadoras, expele para fora de si, tudo o que não interessa. Sendo repetição, o eterno retorno transforma-se em princípio da diferença, em linguagem deleuziana, já que como repetição também seleciona, por isso, salva. O problema da moral em Nietzsche é o problema da verdade, ou seja, a conformidade da nossa avaliação com a vontade de poder, que é a própria essência da vida e, por isso, constitui a razão última de todos os valores. Nietzsche considera que não há outros valores senão os que a vida estabelece, o que já de si é sempre uma manifestação da vontade de poder. No pensamento tradicional, o ser e o devir opõem-se, mas Nietzsche nega a existência de um cosmos feito de realidades espirituais e eternas, considera que não há “ser” para além do espaço e do tempo; o existente é o mundo da experiência sensível, que se mostra no horizonte próprio do espaço e do tempo. Este mundo é único, real e vivo e não conhece nada de constante e imóvel ou fundamental, que tem como princípio organizador a vontade de poder que é movimento, tempo e devir. O tempo não existe só para o intelecto, ele é a forma como o fundo do mundo exerce o seu domínio: o jogo de Dionísios é dever puro. Basicamente, Nietzsche procura recuperar a inocência da vida (...)" 

(Vídeo: Eternal Return - Therion)









No paganismo, o Eterno Retorno é representado por Ouroboros ou Uróboro, a cobra que morde a própria cauda, refratário ao tempo, marcando um ciclo vicioso e interminável. Para alguns pode ser o Homem sendo pego pelo próprio pecado ou, para os mais ordotoxos, o Diabo sendo ferido pela mentira. Na mitologia escandinávia Uróboro seria a cobra que está envolta do mundo. Já na Wiccae tradicinal, Uróboro é representado pelo deus Cernunnos, ou para os latinos, Cornífero.


O teônimo [C]ernunnos aparece na Pilar dos Barqueiros, um monumento galo-romano datando do 1o. século inicial D.C., para rotular um deus representado com cornos de veado em seu primeiro estágio de crescimento anual. Ambos os chifres têm torques pendurados neles.
O nome tem sido comparado a um epíteto divino Carnonos em uma inscrição céltica escrita em caracteres gregos em Montagnac, Hérault (como καρνονου, karnonou, no caso dativo). Um adjetivo galo-latim carnuātus, "com chifres," também é encontrado.
A forma proto-céltica do teônimo é reconstruída como ou *Cerno-on-os ou *Carno-on-os. O aumentativo -on- é característico do teônimo, como em Maponos, Epona, Matronae e Sirona. Maier (2010) estabelece que a etimologia de Cernunnos é desconhecida, como a palavra céltica para "corno" como um a (tal como em Carnonos).
Karnon do gaulês "corno" é cognato com cornu do latim e com *hurnaz do germãnico, com horn do inglês, basicamente do proto-indo-europeu. O étimo karn- "corno" aparece tanto no gaulês como nos ramos gálatas do celta continentalHesíquio de Alexandria lustra a palavra gálatakarnon (κάρνον) como "trompete gálico", isto é, o corno militar celta listado como o carnyx (κάρνυξ) de Eustátio de Tessalônica, que nota sino com forma animal do instrumento. A raiz também aparece nos nomes de regimes celtas, sendo o mais proeminente entre eles, os Carnutes, significando algo como "os Únicos Com Chifres," e em vários exemplos de nome civil encontrados nas inscrições.

Iconografia


Deus de Etang-sur-Arroux, uma representação possível de Cernuno. Ele veste um torque no pescoço e sobre o peito. Duas cobras com cabeças de carneiro o circundam na cintura. Duas cavidades no topo de sua cabeça estão provavelmente projetadas para receber cornos de veado. Duas pequenas faces humanas nas costas de sua cabeça indicam que ele é tricefálico.Musée d'Archéologie Nationale.

Entalhe de rocha de uma figura com chifres nos Parque nacional de Naquane,Itália.
O deus rotulado [C]ernunnos na Pilar dos Barqueiros é retratado com chifres de veado em seus estágios iniciais de crescimento anual. Ambos os chifres tem torques pendendo deles. A parte mais baixa do seu relevo está perdida, mas as dimensões sugerem que o deus estava sentado na "posição de Buda", provendo um paralelo direto à figura com chifres no caldeirão Gundestrup.
A despeito do nome Cernunnos não estar atestado em mais nenhum outro lugar, ele é comumente usado na literatura celtológica como descrevendo todas as representações comparáveis de deidades cornudas.
Este tipo "Cernunnos" na iconografia céltica é frequentemente retratado com animais, em particular o veado, e também frequentemente associado com uma serpente com cornos de carneiro, além da associação com outras bestas com menor frequência, incluindo touros (noRheims), cachorros, e ratos. Por causa de sua associação frequente com criaturas, acadêmicos descrevem Cernunnos frequentemente como o "Senhor dos Animais" ou o "Senhor das Coisas Selvagens", e Miranda Green o descreve como um "deus pacífico da natureza e de frutescência".
Pilier des nautes o liga aos marinheiros e ao comércio, sugerindo que também era associado ao bem estar material tanto ao fazer uma bolsa de moedas de Cernunnos de Rheims (Marne, Champagne, França)—na antiguidade, Durocortorum, a capital civitas da tribo Remi—quanto o veado vomitando moedas de Niedercorn-Turbelslach (Luxemburgo) nas terras dos Treveri. O deus pode ter simbolizado a fecundidade do floresta habitada por veados.
Outros exemplos das imagens de "Cernunnos" incluem um petroglifo em Val Camonica na Gália Cisalpina. A figura humana com chifres foi datada como pertencendo inicialmente ao século 7 A.C. ou tardiamente no século 4. Uma criança com chifres aparece em um relevo de Vendeuvres, flanqueada por serpentes e segurando uma bolsa feminina e um torque. A melhor imagem conhecida aparece no caldeirão Gundestrup encontrado em Jutland, datando do 1o. século A.C., pensado representar um tema céltico embora usualmente visto como de acabamento trácio.
Entre os celtas ibéricos, figuras cornudas ou chifrudas do tipo Cernuno incluem um deus "tipo-Janus" de Candelario (Salamanca) com dois rostos e dois pequenos cornos; um deus cornudo das colinas de Ríotinto (Huelva); e uma representação possível da deidade Vestius Aloniecus próximo ao seu altar em Lourizán (Pontevedra). Os cornos são aceitos representar "força agressiva, vigor genético e fecundidade."
Representações divinas do tipo Cernuno são exceções são a visão frequentemente-expressa de que os celtas apenas começaram a representar seus deuses na forma humana depois da conquista romana da Gália. O "deus com cornos" céltico, enquanto bem atestado na iconografia, não pode ser identificado na descrição da religião céltica na etnografia romana e não parece ter sido dado qualquer interpretatio romana, talvez devido a ser muito distintivo ser traduzível ao panteão romano. Enquanto Cernunnos nunca foi assimilado, acadêmicos têm às vezes comparados a ele funcionalmente às figuras divinas gregas e romanas tais como Mercúrio_(mitologia), Actaeon, formas especializadas de Júpiter, e Dis Pater, o último dos quais Julius Caesar disse que era considerado o ancestral dos gauleses.

Reflexos possíveis no Céltico insular

Existem tentativas de encontrar a raiz cern no nome de Conall Cernach, o irmão adotivo do herói irlandês Cuchulainn no Ciclo do Ulster. Nesta linha de interpretação, Cernach é tomada como um epíteto de um campo semântico amplo — "angular; vitorioso; conduzindo um crescimento proeminente" — e Conall é visto como "a mesma figura" como o antigo Cernunnos.

Conexão possível a São Ciarán

Alguns vêem as qualidades de Cernuno agrupadas na vida de São Ciarán de Saighir, um dos Doze Apóstolos da Irlanda. Quando estava construindo sua pequenina primeira célula, como seu hagiógrafo se estende, seu primeiro discípulo e monge era um porco do mato que tinha sido representado meigo por Deus. Este foi seguido por uma raposa, um texugo, um lobo e um veado.


Neopaganismo

Na Wicca e outras formas de neopaganismo um deus cornudo é reverenciado; esta divindade sincretiza um número de deuses cornudos e chifrudos de várias culturas, incluindo Cernuno. O deus cornudo reflete as estações do ano em um ciclo anual da vida, morte e renascimento.
Na tradição do Wicca Gardneriana, o deus cornudo é às vezes especificamente referido como Cernunnos, ou às vezes também como Kernunno.
 
Segue-se um belo ensaio feito pelo EmpórioWicca.com



"O Deus Cornífero é o Deus fálico da fertilidade. Geralmente é representado como um homem de barba com casco e chifres de bode. Ele é o guardião das entradas e do circulo mágico que é traçado para o ritual começar. É o Deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
.Ele nasce da Deusa, como seu complemento e carrega os atributos da fertilidade, alegria, coragem e otimismo. Ele é a força do Sol e da mesma forma , nasce e morre todos os dias, ensinando aos homens os segredos da morte e da renascimento.
Segundo os Mitos pagãos o Deus nasceu da Deusa, cresceu e se apaixonou por Ela. Ao fazerem amor a Deusa engravida e quando chega o inverno o Deus Cornífero morre e renasce quando a Deusa dá a luz. Este Mito contém em si os próprios ciclos da natureza onde no Verão o Deus é tido como forte e vigoroso, no outono ele envelhece, morre no inverno e renasce novamente na primavera.
Para a maioria pode aparentar meio incestuoso, quando afirma-se que o Cornífero seja filho e consorte da Deusa, mas isto era extremamente comum aos povos primitivos onde os indivíduos se casavam entre os próprios familiares para conservar a pureza da raça. Além disso simbolismo do Mito deve ser observado, pois todas as coisas vieram do ventre da Grande Mãe inclusive o próprio Deus e por isso para Ela Ele deve voltar.
O culto aos Deus Cornífero surgiu entre os povos que dependiam da caça, por isso Ele sempre foi considerado o Deus dos animais e da fertilidade, e ornado com chifres, pois os chifres sempre representaram a fertilidade, vitalidade e a ligação com as energias do Cosmos. Além disso a Bruxaria surgiu entre os povos da Europa, onde os cervos se procriam com extremada abundância, por isso eram freqüentemente caçados, pois eram uma das principais fontes de alimentação.
Com a crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em derrubar Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo e na atualidade resgatar o status deste importante Deus torna-se bastante difícil.
O Deus Cornífero representa a luz e a escuridão, a imortalidade e a morte, a interrupção a continuidade. Cernunos, como também é chamado, simboliza a força da vida e da morte. É o amante e filho da Deusa, o senhor dos cães selvagens e dos animais. É ele que desperta-nos para a vida depois da morte. Representa o Sol, eternamente em busca da Lua. Seus chifres na realidade representam as meias-luas, a honraria e a vitalidade e não uma ligação com o Diabo.
Ainda hoje existe muito confusão a cerca da Bruxaria e isto se deve a Igreja Medieval que transformou os Bruxos antigos em Feiticeiros do Demônio, por conveniência.
O culto à Deusa Mãe e aos Deus Cornífero é pré-cristão, surgiu milênios antes do catolicismo e do conceito de Demônio, o qual jamais foi adorado, invocado, cultuado e reverenciado nas práticas pagãs ou como deidade da Bruxaria.
A Arte Wiccana remonta os homens das cavernas e para entendermos o porque uma divindade com chifres foi reverenciada pelos Bruxos de antigamente e é reverenciada até hoje pelos Bruxos modernos temos que pensar como nossos antepassados.
Os chifres sempre foram tidos como símbolo de honra e respeito entre os povos do neolítico. Os chifres exprimem a força e a agressividade do touro, do cervo, do búfalo e de todos animais portadores dos mesmos. Entre os povos do período glacial uma divindade era representada com chifres para demonstrar claramente o poder da divindade que o possuía.
Quando o homem saia em busca de caça, ao retornar à sua tribo colocava os chifres do animal capturado sobre a sua cabeça, com a finalidade de demonstrar a todos da comunidade que ele vencera os obstáculos. Graças a ele todo clã seria nutrido, ele era o "Rei". O capacete com chifres acabou por se tornar em uma coroa real estilizada.
Muitos Deuses antigos como Baco, Pã, Dionísio e Quíron foram representados com chifres. Até mesmo Moisés foi homenageado com chifres pelos seus seguidores, em sinal de respeito aos seus feitos e favores divinos.
Os chifres sempre foram representações da luz, sabedoria e conhecimento entre os povos antigos. Portanto como podemos perceber, os chifres desde tempos imemoráveis foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura e não símbolo do mal como muitos associaram e ainda associam-nos.
O Deus A Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do UniversoCornífero é então o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na terra.".






Aos Pagãos, os verdadeiros senhores de todos os feudos da Terra.


A'anlitha Arierom

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